NÃO SE SALVA A ALMA PELA ARTE. A ALMA ALIMENTA AS MANDÍBULAS DA ARTE. A ALMA...QUE FALTA ELA NOS FAZ...POR ISSO, AQUELE QUE POR AQUI ENTRAR, DEIXE TODA ESPERANÇA DO LADO DE FORA.

sábado, 12 de março de 2011

No tempo das palavras, a infância era a lei: previa-se a chuva e saia-se às ruas. Sabia-se o cheiro do chá e sentava-se às mesas para a espera. Escrevia-se o obscuro e entendia-se o imediato. Todo tempo tem sua finitude e o nome Tempo faz-se da noção dela. Chegou a nossa. Adiada pela procura das últimas palavras; queríamos que fossem abraços e afagos de quem vai pra nunca mais. Queríamos as palavras-fotos, para pô-las no bolso do casaco, e lembrarmos de onde saímos. Queríamos o adeus tantas vezes implícito no olá, já desejoso de se esvair.

Descobriu-se o tempo das pauladas. A lei é a da pele, do movimento, do respirar. Adeus dado, fazemo-nos orfãos parricídas. Pois o tempo é sempre agora, sempre sensível, sempre líquido. E já andamos agora, fora desse espaço, com as fotos, os abraços, a memória, desde sempre lembrando-nos, aos risos, de que sempre haverá novas palavras a serem ditas, descobertas e finalmente, preenchidas de novos sentidos. E nos esvaímos então no adeus, com tanto olá implícito.

Um comentário: