NÃO SE SALVA A ALMA PELA ARTE. A ALMA ALIMENTA AS MANDÍBULAS DA ARTE. A ALMA...QUE FALTA ELA NOS FAZ...POR ISSO, AQUELE QUE POR AQUI ENTRAR, DEIXE TODA ESPERANÇA DO LADO DE FORA.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

E é o vão, entre o ir-se e o ficar-se; o vago momento de respirar e esperar. Nesse, há ainda um deus. Já minúsculo pois nosso coração semeia ventos e discórdias. Já distante, pois nossos olhos agridem o objetivo, moldando-o com o ódio do carrasco sobre o infiel. Mas ainda deus, como um bibelô de uma época de raios laranjas, de nuvens de almofadas. Agora, é sempre noite a ninar o coração.
E é em vão: não há mais nada a ser destruído. Queimou-se a porcelana. Limpou-se para debaixo do tapete as lágrimas de outrora. Acendeu-se o lampião clareando uma casa vazia. Os moradores se foram, livres como vermes que só precisam de um buraco. Assim é o vão. Assim é em vão.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Que nada se estamos no vão de idas.
Não como uma fruta que és facilmente estraçalhada.
Vou de ir.
Me sinto um falatório de lábios miscigenados, no qual a melhor defesa é a defesa.
- Por favor, pra que lado fica o Empirismo?
Nesses meus dedos grudados, renasce a ordem dos assentos preferenciais.
Esqueça!
Nessas voltas, o que vai ficando, a mudança permanente, passam despercebidos.
Partículas energéticas se materializam nos pulos céticos.
Me encurralei entre céus e solos frios, hei de desaparecer, por meio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Borrado usado falho. Enxergue.

Há qualidades em ser um náufrago.

Tédio,
temático.

O real, da verdade, sem aspas, sem real, verdade de verdade e mentira e real de paralelo... O que aquele breve crepúsculo dos ídolos soube, que fugiu com a resposta... Real?

Ser, tornar, complementar e nomear, concretizar, sintetizar.
Breu, que ativa a nova visão, a nova chance, das palavras já nem tão insistentes, demasiadamente, cegas.

Dói conhecer um náufrago.

A expressão em língua morta

Não há mais alma em algumas palavras. Elas tornaram-se substantivos concretos, impassíveis e impossíveis de serem moldadas para expressar um tédio que já merece uma letra maiúscula em seu início. Meu sangue vaza em torno de um quadro que constrói a própria mitologia dos dados jogados ao acaso. Saberá alguém tal alfabeto? A máscara não será por demasiada parecida com os sorrisos caninos dos que ainda esperam por algo? Terá aparência de um espelho medíocre, desrespeitosamente sincero, absurdamente reflexo?

Não há mais alma para algumas palavras. Elas são adjetivos absolutos sintéticos, e cantam uma melodia de infância, mas qual? Aquela que pretendo nunca mais ter ou aquela que criaria para sair de casa e não compor a letra para tal melodia? Meus suspiros organizam-se em torno do impronunciável, pois vida. O escuro torna-se suportável sem qualquer tipo de luz. Ouvirá alguém tal música? Os ouvidos suportarão o mundo como nunca será, mas construímos para nunca ser? Calarão a melodia com seus risos em torno de mesas de jantar e abraços de afeto?

Não há um verbo que insufle vida na própria vida. Ele tornou-se um desconhecido a caminhar pelas alamedas de um centro comercial, perseguindo o sonho de um homem que sonhou um ser passante. Ao seu encontro, todos dizem "com licença, por favor", acendem seus cigarros imaginários e atiram pelas janelas de seus quartos qualquer mistificação. Ficam os corpos, fica a casca, solene, beatificada em nossos dias como meio e fim da vida em si.

Há de se ausentar um dia a vida, sem poder se expressar, e descobriremos uma frase nova em nosso espelho: Viva, inseto belíssimo.